sábado, 31 de outubro de 2009

Gosto quando te calas


porque ficas como ausente,

e me ouves desde longe,

e minha voz não te alcança.

Parece que teus olhos tivessem voado

e parece que um beijo,

te cerrasse a boca.

 
Como todas as coisas estão cheias


de minha alma...

emerges tu das coisas,

cheia de minha própria alma.

Borboleta de sonhos,

és como minha alma

e te pareces com a palavra melancolia.
 
 
Gosto quando calas


porque ficas como ausente,

estás como que se lamentando,

borboleta que sussurras.
 
Me olhas de longe e minha



voz não te alcança.

Deixa que me cale com teu silêncio.

Deixa que eu também fale com teu silêncio,

Iluminado como uma lâmpada,

simples como uma aliança.
 
És como a noite quieta e estrelada,



teu silêncio é como uma estrela,

tão distante e singelo.

Gosto quando calas

porque ficas como ausente.

Distante e dolorida como se tivesses morrido.

Uma palavra então,

um sorriso basta.

E já fico feliz,

feliz com aquilo que não é certo.
 
 
Pablo Neruda

Sem comentários: